Assim como você, caro leitor, tenho muitos e diferentes amigos: pobres, ricos, trabalhadores, descansados, feios, bonitos, fiéis, falsos, até um “bon vivant” (amigo bem-humorado, jovial, que valoriza os prazeres da vida e sabe gozá-los). E é sobre este que vou discorrer neste pequeno texto.
Costumeiramente o encontramos na praia ou na Avenida Beira-mar onde ficamos a ouvir as suas historietas; a maioria pinceladas de hipérboles, mas muito engraçadas.
Na semana passada, depois de um bom período nas águas do Náutico, já saboreando uma gostosa água de coco, este nosso amigo, em alto e bom tom afirmou, para o nosso espanto, que estava muitíssimo estressado.
Curioso e desconfiado indaguei: estás estressado?
Sim, disse ele afirmativamente. Veja: “acordo diariamente muito cedo. Depois de um farto café da manhã, ponho o meu calção de banho, pego a minha prancha, acomodo-a na bicicleta e dirijo-me para a praia onde nado em torno de dois a três quilômetros diariamente. Em seguida, obrigo-me a receber uma necessária massagem para aliviar este cansaço. Nas últimas horas da manhã, entretanto, já em casa, vou à jacuzzi, onde já se encontram, para o meu revigoramento, os sais de banho floral. É indispensável.
Meia hora depois, de roupão branco, dirijo-me à varanda onde está armada a límpida rede branca de algodão. Ao lado, uma pequena mesa com o jornal do dia. Folheio-o, mas, sob o cansaço, adormeço rapidamente.
Ao meio-dia, a minha compreensiva mulher, discreta e cuidadosamente aproxima-se e com muito carinho chama-me: Filho, o almoço está à mesa.
Após o almoço, regado a uma indispensável taça de vinho, continua ele, detenho-me ainda uma a duas horas descansando para, depois, passar pela empresa do SOGRO, onde sou sócio, para verificar o extrato bancário que fica sob a minha difícil responsabilidade. Conferida e atualizada as entradas das dezenas de aluguéis, deixo o conversível na garagem de casa, troco pela Harley-Davidson, dirigindo-me novamente à Beira-Mar, para apreciar o maravilhoso pôr do sol junto aos amigos.
À noite, como diria o “inimitável” relaxo para começar mais um dia de rotina.”
Depois desse relato, nós, entre risadas, tivemos que concordar que o amigo leva uma vida realmente muito estressante.
Que Deus te conceda paciência, caro amigo, para suportar os percalços que o destino te apresenta.
É a vida!
Abílio, 28 out 2020
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