Adolfo e os seus amigos infantis

Adolfo, desde jovem, sempre teve uma afeição e um carinho especial pelas crianças. Várias delas marcaram a sua juventude, na sua terra natal.

Existia, no Ipu, um rapaz sem o devido equilíbrio mental, conhecido, pejorativamente, como “Assis Doido”. Este adolescente, desamparado pelos pais e desprezado pela sociedade, vivia vagando pelas ruas, mendigando uma amizade ou algo para comer.
Adolfo, sempre que o encontrava levava para a sua casa, dava-lhe comida, e muitas vezes, depois do futebol que ocorria debaixo do pé de tamarindo, no Quadro da Igrejinha, o levava, em companhia dos colegas, para os canos (gostoso banho no riacho Ipuçaba). Mesmo contrariando a vontade do amigo, mas, auxiliado pelos colegas, o jogava debaixo da bica, e com ajuda de muito sabão de coco, Assis saía daquele banho irreconhecível. Até bonito!

Naquela época, Adolfo cursava o ginásio no seminário da Escola Apostólica Nossa Senhora de Fátima, em Fortaleza. Assis, sentindo a falta do amigo, passava sempre pela residência dos seus pais e com a fala quase inaudível indagava pelo amigo ausente: “Cadê Bií… eu quelo Bií”.

Assis teve, aqui, uma passagem curta. Que Deus o tenha.

Outra criança que marcou muito a juventude do Adolfo, foi Luisinho, o seu vizinho de apenas dois anos de idade. Era tão grande essa reciprocidade de carinho que, para sair de casa, Adolfo tinha, obrigatoriamente, sair escondido do amigo infantil. Caso contrário, este saía aos prantos, não interessando o destino do Adolfo. De bicicleta, a mesma coisa: tinha, antes, dar umas voltas com o pequeno Luisinho para, só depois, seguir o seu curso.
Os anos passaram. E rápido.

Certo dia, Adolfo, familiares e amigos se confraternizavam num balneário na serra da Ibiapaba. Cervejas, músicas e alegria eram a tônica do ambiente.

De repente se aproximou um rapaz com seus 38 a 40 anos de idade. Percebia-se, no semblante, já ter tomado alguns copos de cerveja. Bem próximo, fixa Adolfo e com o aspecto ligeiramente feliz perguntou:

_ Você é o Adolfo?

_ Sim, respondeu.

_ Eu sou o Luisinho.

Abraçaram-se e brotaram lágrimas de ambos os lados.

Abílio, dez 2017

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