Adolfo, descontraído, esperava abrir o sinal das ruas Pedro Pereira com Imperador. De repente, um carro emparelha ao seu lado. O motorista, ao reconhecê-lo, abaixa o vidro e grita cheio de entusiasmo.
_ Adoooolfo !!!!
_ Olá meu caro! – responde Adolfo, surpreso.
_ Tem visto a turma, Adolfo?
_ Não. Nunca mais vi o pessoal.
_ Semana passada encontrei o Leitão, Adolfo!
_ Foi mesmo? Gente boa, o Leitão!
Adolfo sorriu, mas por dentro o caos se instala. Não fazia ideia daquele sujeito tão empolgado. Vasculhava, aflito, os arquivos do subconsciente, sem sucesso.
Antes que o sinal abrisse, arriscou:
- Desculpa, mas não estou lhe reconhecendo.
Quase partindo, o outro responde:
_ Eu sou o Afonso, Adolfo! Está com amnésia hein!
_ Afonso! Que prazer revê-lo! rebateu Adolfo, com uma dose generosa de falsidade.
O “amigo” partiu, deixando Adolfo em conflito com a sua memória falha, repetindo para si:
Afonso… Afonso… quem é esse Afonso…?
Passou a primeira e, relutando com o seu inútil subconsciente, ficou a martelar: Afonso… Afonso…quem é esse Afonso!
O episódio o marcou tanto, e já se passaram anos, que até hoje Adolfo se assusta ao lembrar da cena.
Recado do Adolfo:
Meu querido “amigo” Afonso:
Tenho por você o maior respeito, mas, sinceramente, espero nunca mais passar por esse tipo de constrangimento!
Aos demais amigos, um aviso: se por acaso nos encontrarmos numa dessas esquinas, e não os reconhecer, peço desculpas antecipadas, pois como já deixei claro a culpa é do meu cansado subconsciente.
Vixe!!! E se o amigo Afonso estiver lendo esta crônica?
Abílio, 12 fev 2017
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